Se uma pessoa perfeita do planeta Marte descesse e soubesse que as pessoas da Terra se cansavam e envelheciam, teria pena e espanto. Sem entender jamais o que havia de bom em ser gente, em sentir-se cansada, em diariamente falir; só os iniciados compreenderiam essa nuance de vício e esse refinamento de vida. Continue lendo
Durante o dia inteiro ficou-se à cama. Sua cólera era tênue, ardente. Só se levantava mesmo para ir à casa de banhos, donde voltava nobre, ofendida. Continue lendo
O que ela sempre sentira, vagamente apenas: mediocridade. Que impressão de fraqueza, de pusilanimidade, naquele simples papel... Silenciosamente chora. Continue lendo
Chego a me perguntar: Para que o trabalho? Para que tomar café na cama? Para que sentir algum prazer? Continue lendo
Tinha quinze anos e não era bonita. Mas por dentro, a vastidão quase majestosa em que se movia. E dentro da nebulosidade algo precioso. Era intenso como uma joia. Continue lendo
É um silêncio que não dorme: é insone: imóvel mas insone; e sem fantasmas. É terrível - sem nenhum fantasma. Não se pode dizer a ninguém: sentiu o silêncio desta noite? Quem ouviu não diz. Continue lendo
"Sua gorda! Você é uma chata e uma intrometida. Não pode me deixar em paz?! Pois vou lhe contar, sua chata: Zequinha foi embora para Porto Alegre e não vai mais voltar! Agora está contente, sua gorda?" Continue lendo
Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me parecia "a" aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Continue lendo
Entrou e foi logo brincando com o meu cachorro, dizendo que só os bichos o entendiam. Perguntei-lhe se queria café. Ele disse: só bebo álcool, há três dias que estou bebendo. Continue lendo
Havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos. Era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme. Continue lendo