Recomendações de Leitura

Se você precisar escolher apenas um livro para ler e refletir, leia este. Leia, releia, e leia outra vez.

1984 é um dos melhores livros já escritos. Há excelentes obras de ficção com enredos envolventes, mas cujo aspecto crítico-filosófico nos parece superficial, genérica, deixando a desejar neste quesito; e há livros fascinantes do ponto de vista crítico-filosófico, como Admirável Mundo Novo, mas cuja história não é das mais interessantes, e cujos personagens quase não impactam o leitor. Em 1984, George Orwell une a crítica ideológico-política pertinente à arte da narrativa de forma inédita, e sentimos na carne a mensagem a que a obra se destina.

Mais do que uma alegoria sobre o totalitarismo, algo que, pelo senso comum, é ruim (não precisamos ser avisados sobre isso), 1984 mostra-nos o quanto todos nós somos suscetíveis à manipulação, ao controle social, à censura, à traição em nome da sobrevivência, à adulteração da verdade em nome do "bem maior", e à obsessão cega pelo poder (que às vezes confundimos como "justiça").

Considerado como uma das primeiras obras de ficção científica da literatura, Frankenstein foi concebido pela imaginação e talento de uma jovem de apenas 18 anos — Mary Shelley, esposa do poeta Percy Shelley. A ideia para esta história de horror surgiu de conversas de Mary Shelley com Percy e o escritor Lord Byron sobre ciência, filosofia e a essência da vida.

A faceta mais interessante de Frankenstein é a adoção de dois pontos de vista ao longo na narrativa: não acompanhamos apenas o cientista que busca recriar a vida, mas também acompanhamos a perspectiva da criatura, ironicamente mais humana do que seu criador, e seus atrozes sofrimentos. Nossa empatia tende a voltar-se para o "monstro", rejeitado pelo mundo por sua aparência e natureza. Mas sua condição extraordinária, na prática, não é muito diferente da de todos nós.

Como peça de ficção, Admirável Mundo Novo não é um obra particularmente interessante. Quesitos importantes como enredo, desenvolvimento de personagens e desenrolar de eventos são muitas vezes desinteressantes e genéricos. Os personagens não são nada memoráveis. O ponto forte do livro são suas provocações filosóficas e críticas, e sua concepção particular de um futuro distópico, mas estranhamente agradável para (quase) todos os seus habitantes.

A premissa da obra é que, com o adequado condicionamento psicológico e social, pode-se criar uma sociedade de cidadãos completamente obedientes e cooperativos com os interesses do Estado — não por meio de punição (ameaças, violência ou censura), como no livro 1984, mas, ao contrário, pelo incentivo inverso: a recompensa (o prazer). Afinal, se todos estão satisfeitos com a administração estatal e suas devidas posições do sistema de castas, qualquer rebelião se torna impossível.