Jamais julgue alguém baseado nas características
atribuídas a um coletivo.
Aqui, estamos falando de coletivismo e, em específico, as chamadas políticas identitárias, que agrupam seres humanos conforme características biológicas (racialização, por exemplo), assumindo que todos os membros de uma raça, sexo, etc., tenham as mesmas inclinações políticas, e que devam apoiar o grupo político que os lidera sob pena de serem considerados traidores.
Nessa lógica, alguns militantes dizem falar em nome de todos os cidadãos que compartilham sua característica biológica. O que esses ativistas assumem é que os indivíduos não têm ou não devem ter autonomia intelectual, e que sua orientação política é biologicamente determinada. Esta é base das políticas identitárias, e é a partir dela que seus ativistas julgam os seres humanos: pelo grupo demográfico a que pertencem.
Mas não há sentido em julgar um indivíduo pelos atos de outro. Não se julga João pelos atos de Pedro. Da mesma forma, não faz sentido julgar de forma coletiva um grupo demográfico inteiro (raça, sexo, orientação sexual). Não pode haver justiça em atribuir sentença ou compensação a todos os integrantes de uma raça, sexo, etc., visto que a cada qual caberia um julgamento diferente. O indivíduo deve ser julgado individualmente, segundo suas ações, e somente segundo suas ações.
Nas palavras de Aldous Huxley, em seu Regresso ao Admirável Mundo Novo (capítulo Educação para a Liberdade"):
Quem experimenta os sentimentos que fazem agir, a vontade que supera os obstáculos? Certamente não será o ambiente social; pois um grupo não é um organismo, e sim uma cega organização sem consciência. Tudo o que é realizado numa sociedade é feito pelos indivíduos. — Aldous Huxley
Esta deveria ser a base da justiça. De forma geral, esta filosofia tem sido um dos pilares de todas as democracias liberais, mas uma corrente ideológica passou recentemente a negá-la: a justiça social. Segundo esta abominação política, deve-se julgar os membros de um grupo usando como base uma noção estereotipada de todos os seus integrantes. Trata-se, portanto, de uma ética análoga ao racismo.
Justiça e justiça social são antagônicas: onde há uma, não pode haver a outra. O termo justiça social é um oximoro.
Ao contrário da justiça tradicional, que em seu ideal é cega (e julga a todos com os mesmos pesos), a justiça social é a encarnação contemporânea do racismo, ao estabelecer privilégios ou barreiras conforme as características imutáveis dos indivíduos. É a negação explícita do que pregava Martin Luther King:
... que um dia meus quatro filhos vivam em uma nação onde não sejam julgados pela cor de sua pele, mas pelo seu caráter. — Martin Luther King