Três Filmes para Ficar Deprimido - Woody Allen, Denis Villeneuve e Joe Carnahan | Fantástica Cultural

Artigo Três Filmes para Ficar Deprimido - Woody Allen, Denis Villeneuve e Joe Carnahan
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Três Filmes para Ficar Deprimido - Woody Allen, Denis Villeneuve e Joe Carnahan

Por Paulo Nunes ⋅ 2 set. 2021
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Uma seleção inglória de (ótimos) filmes para chorar, espernear e cortar os pulsos.

Nem todo mundo curte filmes sem final feliz. Afinal, se vamos ao cinema pelo prazer, por que quereríamos assistir histórias de desgraça?

Bem... talvez porque não sejam as nossas desgraças. Talvez porque tenhamos um certo fascínio pela ruína, pela destruição — uma faísca de masoquismo. Ou talvez porque gostemos de ver a desgraça alheia, sinal de um sadismo velado.

Quanto a mim, vejo a graça não nas tragédias, mas na qualidade das narrativas: nem tudo na vida real acaba bem, e assim também é na ficção. Os três filmes que selecionei para esta lista certamente não são os mais depressivos do cinema; são somente os melhores e mais recomendáveis dentre os que assisti recentemente. Começarei com o mais leve; o último, que se arrisque quem quiser.

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Blue Jasmine

Woody Allen sendo Woody Allen

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Como filme depressivo, Blue Jasmine é relativamente light. Já escutei alguém o definindo como "horrível", devido ao seu desfecho trágico; nada mais injusto, visto que, como um filme típico de Woody Allen, é no fundo uma comédia, leve e tragável. Trata-se de uma releitura não oficial de Um bonde Chamado Desejo, peça de 1947 levada ao cinema em 1951.

O título intraduzível é a caracterização da protagonista, Jasmine, triste (blue) devido à decadência generalizada em sua vida. Assim como a patética Blanche, de Um Bonde Chamado Desejo, Jasmine (Cate Blanchett) é obcecada pela elegância, pelo requinte, sedenta pelo status social e pela ostentação financeira; mas, assim como Blanche, seus planos de ascensão social dão errado. Sem recursos para sustentar-se, e sem tolerância para os empregos subalternos — únicos que poderia arranjar —, Jasmine passa a depender da irmã proletária. O principal consolo para sua crise de meia-idade é, naturalmente, o álcool. Amargurada e desiludida, incapaz de ajudar a si mesma, só lhe resta uma opção exequível: a loucura.

Título: Blue Jasmine
Título original: Blue Jasmine
Diretor: Woody Allen
Ano: 2013
País: Estados Unidos

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A Perseguição
The Grey

Homem versus natureza, ou homem versus si mesmo?

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Apesar de seu título banal e nada imaginativo em português (A Perseguição), The Grey é um filme incomum e marcante, um trabalho belíssimo escrito e dirigido por Joe Carnahan. Em geral, tenho muitas ressalvas mesmo com os filmes que mais gosto, mas The Grey é quase impecável.

Um pequeno avião é derrubado por uma turbulência e se despedaça em um deserto nevado no meio do Alaska. Os poucos sobreviventes, homens em geral rudes, juntam-se para tentar sobreviver ao frio e - principalmente — às matilhas de lobos da região. Esse mote, tão simples e genérico, é somente a base para a construção de uma história cruenta, mas profundamente humana, marcada não por pontos de vista autorais e respostas otimistas, mas por perguntas dolorosas e irrespondíveis sobre a condição humana, nossos pares e o meio. Perto de The Grey, o filme Na Natureza Selvagem (Into the Wild) parece um filme de comédia (e, francamente, não estou convencido de que não é). A atuação de Liam Neeson como Ottway, aliás, é (como sempre) excelente; sua personagem "carrega o filme nas costas", como se costuma dizer.

E uma dica: espere os créditos terminarem. A resposta (?) está ali.

Título: A Perseguição
Título original: The Grey
Diretor: Joe Carnahan
Ano: 2012
País: Estados Unidos & Reino Unido

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Os Suspeitos
Prisioners

O que nos resta quando a ilusão de justiça se desfaz?

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Este é dos mais terríveis. É altamente recomendável pelo realismo das personagens, pela qualidade do enredo, pela fotografia e pelo interesse das relações humanas desenvolvidas. No entanto, é como um murro na cara que continua a doer por semanas.

Desde a primeira cena, o diretor canadense Denis Villeneuve pega pesado. Este, aliás, foi um dos filmes que trouxeram atenção a Villeneuve (Arrival — A Chegada, 2016; Blade Runner 2049, 2017; Dune — Duna, 2021). O sequestro de duas meninas é que dá início à trama, unindo o detetive Loki (Jake Gyllenhaal), os pais das vítimas e os suspeitos em uma teia complexa de causas e efeitos. Muito mais original e complexo do que um típico filme de investigação, Prisioners nos mostra o que não queremos ver: que os inocentes podem se tornar culpados, e que os culpados podem ser, a seu modo, inocentes.

Por exemplo: Keller (Hugh Jackman), pai de uma das crianças, homem duro e enérgico, aprisiona por conta própria um dos suspeitos já liberados pela polícia, e passa a torturá-lo a fim de descobrir o paradeiro de sua filha; ele não tem dúvidas da culpabilidade de seu prisioneiro — mas... e se estiver errado? O resultado dessa e de outras situações angustiantes é uma história dolorosa que, com ou sem final feliz, expõe-nos à onipresença da injustiça no mundo.

Título: Os Suspeitos
Título original: Prisioners
Diretor: Denis Villeneuve
Ano: 2013
País: Estados Unidos

Boa sessão, e não corte os pulsos!

foto do autor

Paulo Nunes

Escritor, editor, ilustrador e pesquisador




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